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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Balada de um triste poema

Eu escrevo com a alma dos que sofrem.
Escrevo com o pulso aberto dos marginalizados.
Escrevo com o espírito sangrando em lágrimas: lágrimas vermelhas de corações feridos.
Escrevo com os dedos manchados de tinta anil.
Carrego no rosto as marcas do que fui um dia.
Escrevo com o grito daqueles que vivem sob a cortina do silêncio, que vivem a margem da vida.
Escrevo com os loucos que cantam pra lua cheia.
Escrevo como quem procura o sentido da existência, o sentido da vida, o sentido da morte.
Escrevo como os suicídas; eles sim, são corajosos.
Escrevo com a máscara que oculta a face dos covardes.
Escrevo pra alguém que está distante, alguém que já partiu e nunca mais verei...
Eu escrevo como aqueles que atracaram-se num cais de ilusões e perderam-se num labirinto de ideais visionários.
Escrevo como aqueles que escreveram as mentiras apostólicas...perdoem-me os que têm fé.
Escrevo com o carma dos aflitos. eu ouço seus gritos, eu sou um deles.
Escrevo com a coragem desatada dos heróis, afinal ninguém vive sem mitos.
Escrevo com o lirismo do poeta, com as chagas abertas do moribundo, com o mundo, com a visão apocalíptica do profeta.
Escrevo um poema triste por não saber sorrir. Levo na mão uma caneta, na cabeça mil idéias.
Escrevo com o temor de que alguém possa entender esse poema.
O mundo não percebe o que escrevo, eu não percebo o que o mundo me diz e prefiro continuar a não perceber.
Eu gostaria de escrever um poema de amor, um poema que tornasse o mundo belo, mas eu falhei...perdoem-me, eu não sei o que digo, eu não sei o que escrevo.

AUTOR: EDSON DE O. CARDOSO

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